Invadida pelos fulgores de um compasso sanguíneo,
Bailam os tambores de guerra ao ritmo da escuridão
E, qual relâmpago de funérea alvura,
Dança a espada na carne dos deserdados.
Espectros de fogo revolvem as paredes do labirinto
Correndo contra a perseguição da esfinge
E, enquanto a noite se agita entre marés crepusculares
Que ascendem em dedos de teia até ao manto das estrelas,
Há um som de passos que correm na coreografia dos fugitivos,
Agitando por dentro do escudo o ponto onde a seiva cai.
Morta sob o peso da neve que lhe prende os braços,
Chora em sinfonias dispersas o torso da árvore morta
Que estende às trevas o abraço da súplica estrangulada
Por entre o véu das correntes que lhe amordaçam os membros,
E dorme sob um céu de fogos-fátuos em dispersão
A clandestina memória de um andamento maior,
Onde a voz da sinfonia se desvanece entre espelhos
E cai como lágrima seca sobre o sudário do absurdo.