Nasceu contemplando a espera dos abismos na distância
E o sal dormia-lhe nas veias como um mar.
Tinha nas mãos as manchas da negrura interior
Que lhe repousava nas catacumbas da alma
E a distância sentida na pele dos sonhos que fugiam
No manto da eterna nulidade.
Cresceu de olhos abertos ao vácuo da extinção
Que a preenchia em profecias
E os passos deixaram marcas na lama que amordaçava
O canto que sufocava na solidão.
Viveu com um olhar absorto sobre as palavras do vento
E da água do mar que a convocava
Aos altares do espectro cavernoso
Cujas mãos lhe tocavam elegias no cabelo
E deixavam para trás um suspiro de saudade
Tão ténue como o crepúsculo dos cânticos mudos.
Morreu, por fim, e os olhos ainda fitavam
O deserto dos céus por sobre a vida.
1 comment:
Lindo. Adorei o encadeamento da mensagem através das imagens.
Post a Comment