Eu nunca fui ninguém
E as asas que quebraram contra o chão do labirinto
Nunca foram senão vagos implantes
Num corpo que nem sequer era meu.
Nos séculos que passaram sobre a bruma,
Nem as palavras puderam salvar-me
Da vulnerabilidade de um sangue demasiado fraco,
De um nome feito desilusão,
Do silêncio que fui.
Ninguém pôde encontrar traços de império
Na mordaça estilhaçada
Que era afinal um grito moribundo
Na renúncia da figura enjeitada em mim.
Por isso esquece…
Não dês mais tempo a alguém que não merece
Nem os escassos segundos da contemplação de um sonho.
Apaga as horas que o meu corpo percorreu nessa estrada
E deixa que o fim desperte
Como quem nunca viveu.
Exílio, seja… eu mesma renuncio
A todas as ambições que nunca pude equilibrar,
Código que nunca pude cumprir.
Seja apenas a lama a envolver-me os sentidos,
Meu breve apocalipse prometido
Onde nada permite a redenção.
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