Deixa-me desistir de ti
Como num encontro repetido entre penas de mil eras
E traçado em véus de fumos mutilados,
Para esquecer que te dei a alma de todos os meus sonhos
E a força de toda a vontade
Na concretização de uma visão que mão me pertencia.
Será o silêncio a minha promessa,
O vazio como futuro
De quem deixou as asas rasgadas no chão,
E apenas a noite alcançará a minha voz amordaçada
Nos primórdios do poema.
Não sou ninguém…
Nada mais que o pálido reflexo de um espelho estilhaçado,
Um grito no amanhecer
E as lanças dos meus dedos estendem o sangue da derrota
Que estrangula o meu olhar.
Deixa-me, pois, morder as cinzas que ensombram os meus lábios
E morrer dentro da cruz,
Como um corvo em voo de hecatombe
Rasgando os céus da última alvorada,
Um sonho aberto à lâmina dos deserdados,
Um cântico na morte…
Para que vejas a renúncia que floresce nos meus olhos
E me deixes desistir
De mim.
4 comments:
Ser um grito no amanhecer e fazer do silêncio uma promessa... Lindíssimo poema de desencanto.
Um beijio e bom Dia da Mulher.
Parabéns pelo poema.
Gostei... pela tristeza interior que pareces despertar e por algum tipo de niilismo que escreveste com palavras e figuras de estilo interessantes.
*
Mosath
de poema em poema - um estrondo em palavras!
gostei deste lugar!
teu beijo!
um poema embora bonito está com laivos de tristeza,
nunca desistas de nada, só se for algo que te deixa triste.
fica um beij
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