Não sei nem se mereço
As breves palavras que o tempo gravou em mim sob o teu nome
Em signos de devoção.
Este estandarte pintado em sombra e sangue
Foi somente de dor
E a madrugada na insígnia dos meus olhos desolados
Não teve mais que um exílio solitário
Para estender em correntes sobre mim.
Hoje o silêncio passou
E, dentro de cada momento, as horas não foram pesadas
Nem eternos os desertos do destino
Que a noite interior plantara no meu lugar.
Foi mais que o vácuo,
Mais que a poeira dos gritos silenciados
E foi por ti,
Pelas mais breves palavras derramadas
No sacrário da ilusão,
Que a mordaça tombou por entre os dedos
E, sob a chuva dos céus agravados,
Um sonho renasceu.
E hoje sou mais que o vulto,
O corvo abandonado ao altar da renúncia
Que se esqueceu sem saber.
Hoje acredito nas tuas palavras
E é sempre em ti que o espelho se revela
Capaz de encontrar mais que o véu que sou.
Sou hoje mais que a sombra no deserto
E a profecia fatal,
Porque os teus braços trazem a promessa
E o sonho adormecido
Pode, enfim, ganhar asas verdadeiras,
Alcançar os muros do impossível
E voar.
8 comments:
Um belo poema que muito apreciei.
Saudações poéticas
Belíssimo poema...
Gostei muito.
Isabel
Gosto imenso do que leio. Parabéns.
O silêncio sobrevoa o sonho nas sombras da memória.
Blood Kisses
J'appelle Anna, mon rubis...
Salut!
Há algo neste belo poema que não me pareceu bem. Demorei a perceber o que é. Mas descobri. É que um sonho adormecido não pode ganhar asas verdadeiras. Um sonho pode. Mas se não estiver adormecido. Só que há um problema. É que se se escrever só sonho ou se se considerar estar acordado, então muda todo o poema, obriga a mudar todo o poema. Problema interessante.
...
Adorei, simplesmente.
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