Contemplo a fé do não ser
Embalada sob o amplexo de névoas e de profecias
E os braços da vela enlaçam o silêncio do meu corpo
Como obstinações de cruz.
Não creio,
Mas tenho os olhos erguidos ao mistério do absoluto
E os braços agitam as cordas rasgando a pele
Nos pulsos do deserto moribundo.
E há mãos de fogo na mordaça do meu grito,
Da voz que nasceu em defesa dos exilados
Mas que se perdeu no desterro
E o tempo contempla as grades da essência que me condena
Na perpétua prisão das chamas
Roça-me os dedos a fuga do compasso de finados,
A morte que apela ao vazio da minha imensidade
E o adeus escapa-me sobre os dedos como voz de divindade
Cujo apóstolo anuncia aos desertos
O desvanecer das horas onde o sonho se dilui.
Morreu em mim a defensora,
A maga dos momentos que afastam o véu dos céus
Ante a renúncia dos condenados,
A fúnebre dispersão dos filhos do Éden
Sobre o silêncio das águas,
E tocam a rebate os sinos da catedral do absurdo
Gritando ao poema deserto nos seus lábios mortos
Que com ela morreu a redenção.
1 comment:
Toda a palavra é um mistério
Toda a voz é desígnio
Todo o verso é redentor
(ás vezes não)
Um prazer te ler
Bjo.
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