24/08/2006
Quebraste-me,
Como a um barco perdido contra os rochedos da costa,
Como um frágil ramo de árvore que se estendia para o sol,
Como um corpo despedaçado no fundo de um profundo abismo.
Quebraste-me...
Mais impiedoso que o negro anjo da morte,
Desceste sobre mim e lançaste-me na dor.
Reduziste a cinzas os meus antigos sonhos
E abandonaste-me ao vazio da minha vida destroçada.
Quebraste-me,
Com a mesma indiferença com que olhas um monte de lixo,
Com a mesma facilidade com que caminhas a cada dia,
Com a mesma irresponsabilidade com que sempre agiste.
Quebraste-me...
Olhaste para mim e nem sequer me reconheceste,
A mim, alma concebida por ti.
Rejeitaste-me, com um olhar de repulsa,
Como se eu não fosse senão um verme repugnante
Que merece ser pisado.
Abandonaste-me, na aurora da vida,
Para morrer longe de tudo quanto amei.
Quebraste-me...
Quebraste a minha alma
Com a ignorância dos teus actos irresponsáveis.
Cravaste no meu coração
O punhal da tua indiferença e falta de amor.
Transformaste o meu corpo
Num destroço abandonado à fome e à morte.
Deixaste-me no mais estéril deserto,
Para morrer, quebrada e destruída.
Negaste-me toda a esperança de felicidade,
Mas proibiste-me o refúgio de uma morte piedosa.
Abandonaste-me, sozinha neste mundo cruel,
Para viver, para sempre, nas sombras
Do desgosto e da tristeza.
Recusaste-me, depois de morta e destruída,
Caída dos meus sonhos,
E deixaste-me apodrecer em vida,
Para não ouvires de mim
A acusação que ainda assombra o teu espírito,
Que nunca te deixará...
Quebraste-me!
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