Tremem os ventos nos varais dos inundados.
A terra está em fogo
E a contemplação nos olhos dos desfalecidos
Parece traçar no sangue derramado
O pesaroso ritmo de treze flagelações.
De um em um, a voz do universo vai cantando
Como um grito na maré
E o corpo mutilado parece desabrochar na cruz,
Qual Fénix dilacerada
Que descesse do rosto que mira por entre as nuvens
A concretização de um crepúsculo deserto.
Prolongados até aos dedos no braço do infinito,
Os números choram cintilações de essência,
Espraiados em convulsivo agarrar de etéreas cordas
Prendendo às mãos do tempo
As pulsações dos sentidos moribundos.
E os corpos dormem sob o flagelo das eras,
Fustigados pelos ramos da vida que incendeia a floresta,
Conflagrar de promessas inundadas sobre o sangue
Que invade a lama com a poeira do crepúsculo.
2 comments:
Olá, indiquei seu blog para um selo de qualidade, passe no Descaminhos Sombrios para ver as regras. Abraços!
"a voz do universo vai cantando
Como um grito na maré"
Gostei muito do poema.
Beijos.
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