Thursday, June 01, 2006

Rainha dos Caídos

Num vestido de trevas envolvida,
Escondida na distância de um olhar,
Por entre as sombras da noite perdida,
Chora, sozinha, quem não sabe amar.

Perdida numa vida sem lugar,
Marcada pela esperança destruída,
Chora, perdida, sem poder parar,
Abandonada na aurora da vida.

Perdida num olhar de angústia fria,
Sorriso triste de uma alma vazia,
Chora, vencida, rainha dos caídos.

Num sudário de noite mergulhada,
Chora, para sempre, a vida destroçada,
Alma morta, mas viva entre os vencidos!

Será Como Quiseres

Se quiseres que caia, será cumprido.
Diz-me que morra e acontecerá.
Diz que deixe esta vida sem sentido
E como tu quiseres se fará.

Não é nada que eu não deseje já...
Partir deste infinito destruído
Onde, sem pensar, te deixei perdido,
Abandonado à mágoa fria e má.

Se quiseres que me perca, que me esqueça,
Ou, simplesmente, que desapareça,
Ordena, pois será como quiseres.

Mas, longe de ti, não peças que viva,
Pois nesta vida esquecida e furtiva,
Não há luz longe de onde tu estiveres!

Memento Mori

Na sombra eterna da noite sem fim,
Como um fantasma negro e inconstante,
Deste mundo soturna caminhante,
Nessa noite, a morte passou por mim.

Com um sussurro leve, de cetim,
Voltou para mim o seu olhar brilhante
E, num sorriso vazio e distante,
Mostrou-me que futuro via em mim.

Mostrou-me anos e anos de existência
Num mundo sem piedade ou inocência.
Mostrou-me uma vida inteira a sofrer.

“Mas tem fé, – disse – porque o tempo passa!
E, por mais forte que seja a desgraça,
Lembra-te de que um dia hás-de morrer!”

Miragens e Ilusões

Espectros de luz e sombras sem sentidos,
Miragens de um passado abandonado,
Fantasmas de segredos destruídos,
Ilusões de um futuro inacabado...

Espíritos mortos de um mundo apagado,
Almas sem dono, corações vencidos,
Vultos de dor, de tormentos errados,
Ecos de angústia, espíritos perdidos.

Sombras que sangram na noite sombria,
Onde antes brilhou, pura, a luz do dia.
Uivos de morte e lamentos de dor.

Assim é feito o mundo! Assim a vida
Caminha, por entre as sombras perdida,
Num mundo sem magia e sem amor!

Alma

Alma minha que, dentro de mim, gritas,
Que te esvais em constante sofrimento,
Porque te revoltas? Porque te agitas?
Qual é a causa do teu desalento?

Alma, que cantas tão triste lamento
Que as sombras da dor se tornam malditas,
Porque é que é tão negro o teu sentimento?
Que se prolonga em horas infinitas...

Porque é que a cada hora, a cada instante,
Sinto a angústia do teu choro incessante,
A tortura da angústia que te prende?

Porque, depois de marcada e vencida,
Pediste piedade aos filhos da vida,
Para ver que ninguém te compreende!

Tonight We Die

Chegou, amado, a nossa última hora,
O eterno adeus à vida e à agonia.
Acabou a nossa esperança vazia,
Para que o nosso sonho se cumpra agora.

Em nosso nome, nenhuma alma chora.
Ninguém fica que nos recorde um dia.
É tempo pois, e a nossa fantasia,
Neste momento, não mais se demora.

Chegou, amado, o momento esperado,
Em que todo o sofrimento é negado
E, juntos, perdoamos todo o mal.

Morremos esta noite, meu amado,
Deixando à vida um sonho destroçado
E a força desta decisão final!