Friday, May 20, 2011

Flor de Fogo

Vem arder por dentro do silêncio
Que desfalece em cada pétala de cinza
Como uma gaivota rasgando a contemplação do adeus.
Nos céus
Encontra o berço da quimera,
A brisa que se agita nos teus braços de espantalho,
Mas não afasta os corvos que te consomem a carne.

Como uma brisa
Perdida no vazio de uma meia-noite mistificada,
Divinizada no Éden dos exilados
Que contemplam a cruz por dentro da miragem,
Um espectro que divaga entre túmulos vazios,
No frio das eras agitadas pelo vento,
Espectrais
Na dança das chamas que lambem a ferida aberta
No coração dos séculos.

Vem ver a ruína que desaba sobre os corpos
Consumidos na cinza da despedida primordial
E apagados por entre os fumos do inominável.
Por terra,
Descobre-te no vácuo do absoluto que se renega
Em flores de sangue e de morte
E espalha no silêncio a voz dos supliciados
Onde o deserto ensina a morrer.