Saturday, January 29, 2005

Anjo Salvador


Quando o tempo cantava os temores secretos das nossas vidas

Éramos verdades puras e perdidas,

Num momento perfeito de amor, harmonia e união.


Éramos a verdade mais pura de todas as palavras imortais,

Confundidos nos segredos desiguais

Nos momentos em que o puro sonho guiava o coração

Até ao lugar mais perto da perfeição.


Onde vai o teu amor?

Onde chega o teu clamor?

Sê um sonho, uma ilusão

Perdida na escuridão.


Quando os passos que demos guiaram os nossos momentos secretos

Á visão dos nossos sonhos predilectos,

Fomos seres perfeitos com sonhos de um mundo de luz.


Fomos sonhos criados da essência da vida mais perfeita e irreal,

Concebidos para um futuro imortal,

Nos momentos em que a vida é a voz pura que conduz

Ao caminho da felicidade que seduz.


Onde vai o teu amor?

Onde chega o teu clamor?

Sê um sonho, uma ilusão

Perdida na escuridão.


Onde vai o teu sonhar?

Brilho oculto no luar...

Quem és tu, no teu amor?

Tu, meu anjo salvador!


Wednesday, January 26, 2005

Infinito

Queima, em verdade, o Tempo que não passa,
Calmo, sereno, olhando em meu olhar.
Olhos de luto, mãos de trabalhar,
Imagem pura de pura desgraça.

Arde seu olhar, poderoso e irado...
Avança contra mim, de mãos abertas.
Digo: “Quem és, que meus medos despertas?”
Nada responde... Olha-me, calado.

Fixa os olhos ardentes no meu medo.
Abre-me a visão a todo o futuro.
Mostra-me o seu derradeiro segredo.

E, então, entendo que ele me falava!
Toda a palavra daquele olhar escuro
Dizia: “Espera! Todo o tempo acaba!”

Poção de Lua



Seja a recordação do que vivemos a prova de quanto somos.
A Lince.

Que a noite te acompanhe, doce vida,
Que ela sou eu, e só ela é comigo!
Que ela te guarde sempre, meu amigo,
Porque é a minha verdade perdida!

Que a noite te acompanhe, voz querida,
Que ela vai até onde eu não consigo!
Esteja a minha vida sempre contigo!
Seja gravada a tua luz esquecida!

Seja tua guardiã a minha luz,
O luar alto que brilha e que seduz...
Seja a tua verdade no meu mal!

Que a noite te acompanhe, porque agora
Deixo a minha miséria e vou embora!
Que te guarde a vida do meu final!


Filhos da Aurora

Asas abertas, meu refúgio puro,
Anjo meu, que me indicas o caminho.
Palavra eterna, voz... O teu carinho.
Esperança de quem não crê no futuro.

Anjo esquecido comigo, no escuro,
Palavra doce da tua vontade.
Caminho eterno... Sonhar de verdade...
Asas abertas, protector obscuro.

Palavra eterna, doce eternidade,
Esperança do que foi esta vida.
Imagem viva, vontade perdida...
Última imagem... Pura realidade.

Esperança iluminada, meu segredo,
Asas abertas, vontade encontrada.
Sonhos ressuscitados do meu Nada.
Reerguer da coragem pelo medo.

Anjo da vida, belo, indefinido.
Palavra do segredo que escondemos.
Imagem viva de quanto tivemos.
Alma contada, meu sono querido.

Asas abertas, alma do meu nome,
Eco de vida, meu sonhar perdido.
Recebe esta vida, este meu sentido
Esquecido do mal que me consome!

Sétimo Selo

Quantas almas são caídas pelo profundo de amar!
Quantas vidas despedidas, sem vontade de lutar!
Quantas mortes se sucedem pelo medo do fracasso!
Quantos que clemência pedem, mas sentem da morte o laço!

Primeiro virá o medo, depois, a condenação.
Cada passo é um segredo de pureza e ilusão.
Tanto tempo que se espera e nada surge de nós.
O silêncio desespera, mas não se ouve qualquer voz.

Fecha-se a porta da vida, por sete vezes selada.
Cai uma noite perdida, e apenas resta o Nada.
Sete tempos, sete nomes, sete pecados mortais!
Sai, anjo que te consomes, e não voltes nunca mais!

Para além daquela porta, mora a morte prometida.
Reina o medo, uma alma morta, o cair lento da vida.
Morrem deuses, anjos, seres de toda a humanidade.
Fica um grito sem quereres: maldição, mortalidade!

Sai pelo fundo da porta aquele líquido infernal...
Jorra o sangue vão que exorta aquele crime intemporal.
Tantas mortes se passaram num recinto não sagrado!
Caíram... já se acabaram os gritos desse passado!

Oh, condenados da vida! Que fizestes? Respondei!
Responde uma voz perdida: " Que queres que diga? Não sei!"
Foram todos condenados, sem o motivo saber.
Foram vistos como errados, porque souberam viver!

Oh, sonhos vãos destroçados! Quem foi que vos fez morrer?

Sentença de Vida

Olhos cerrados, mente entorpecida,
Alma ferida, corpo enfraquecido.
Na vida foi uma luz sem sentido.
Na sua luz perdeu sentido a Vida.

Nada deseja. Por todos vencida,
Foi desprezada no mundo esquecido.
Ma sua vontade, sonho perdido,
Nasceu a sua sentença de vida.

Sente perder-se a sua negra sorte.
Chama insistentemente pela morte.
Deseja até as trevas do Inferno!

Mas é a Vida a sua executora,
E viveu, desde sempre até agora.
Será viver o seu martírio eterno!

Magias

Boa noite, corte imperial de Inferno,
Onde todos os males são criados.
Os teus segredos foram revelados.
Foi encontrado o teu segredo eterno.

Guardo a verdade que o teu mundo encerra,
Pois só eu sei qual é o teu lugar.
Sei onde ficas, onde sabes estar:
Só eu sei que tu és, na verdade, a Terra!

Só eu sei que tu és, eternidade,
O florescer da alma da Humanidade,
Porque com eles andas, o mais forte.

Boa noite! Oh, adeus! Porque hoje sou
A primeira que o Inferno abandonou,
Porque se Inferno é vida, eu sou a Morte!

Não te Digo Adeus

Vais-me deixar só. Sinto-o em verdade.
Sinto que vais deixar os sonhos meus.
Sei que vais partir desta realidade,
Mas, ainda assim, não te digo adeus.

Foste o meu tempo, a minha eternidade,
Mas deixas-me sem ver os olhos teus.
Deixas-me ser um tempo sem vontade,
Mas nada fazes, terra de outros céus.

Partes para outro lado. Partes só.
Deixas que fiquem desfeitos em pó
Os sonhos da minha verdade antiga!

Deixa-me então! Oh, leva-me contigo!
Não conheço este mundo! Não consigo
Vencer sem ti, minha verdade amiga!

Miséria de Ser Eu

Morreu em mim a alma em que acreditava.
Perdeu-se a fé naquilo que sentia.
Caiu a imagem bela que antes via
De um monstro que, no fundo, se ocultava.

Morreu em mim a vida que sonhava,
A paixão que dentro de mim ardia.
Perdeu-se o amor, a minha fantasia.
Caiu o que a verdade sustentava.

Acabou-se a vontade dos meus dias.
Apagaram-se as horas fugidias
Em que existia alguém dentro de mim.

Resta de mim miséria de existir!
Miséria de ser eu e de sentir
Que nada mais me aguarda, além do fim!

Mestre...

Rasgai minhas palavras, gente inútil,
Porque sei que não sou melhor que vós!
Tanto tempo escutastes minha voz,
Mas nada descobristes que fosse útil!

Rasgai as palavras de um sonho em Nada
Que foi o meu, na terra dos mortais!
Errada fui eu, por vezes demais.
Já não sei se estou certa ou estou errada.

Tudo o que disse foi contradição.
Tomei por minha a dor da ilusão.
Acreditei numa vontade pura.

Rasgai minhas palavras! Que, em verdade,
Nunca fui nem vivi a realidade!
Agora e sempre, sou só noite escura...

Nas Portas dos Futuro

Caminhante, nas sombras do passado,
Se encerra a vida, tal como a procuras!
Para além de outras ilusões futuras,
Está, caído no chão, o Mal, prostrado!

Caminhante, num ermo abandonado,
Jazem gravadas palavras obscuras!
Para além dessas portas, cegas, escuras,
Está o teu caminho projectado!

Avança para o teu sonhar antigo!
Vence o medo que viajou contigo
E abre as portas, sem medo de entrar!

Caminhante, nas portas do futuro
Jaz o sonho de um cair prematuro
Que apenas o teu ser pode evitar!