Sunday, February 22, 2009

Se o Tempo Voltasse...

Se a voz do meu silêncio se apagasse
Nas tempestades da devastação,
Talvez o meu deserto não sangrasse
Por dentro das brumas da solidão.

Se o tempo voltasse à voz da razão,
Talvez a minha luz regenerasse
As trevas que plantei no coração,
Como se de um sepulcro se tratasse.

Se o destino dos momentos confusos
Me abrisse a voz dos silêncios difusos
Que pairam nas sombras do meu sonhar,

Talvez eu me apagasse no deserto
E as cinzas do meu espírito desperto
Pudessem, finalmente, regressar.

Saturday, February 14, 2009

Uma Palavra na Bruma

Anda um grito nos espelhos do silêncio adormecido,
Como um corvo solitário nas profecias da aurora,
Cantando encantos perdidos no desencanto disperso
De um crepúsculo apagado sob as vozes da ilusão.

Cantam as trevas perdidas como um poema ancestral
Nos recessos destruídos do abismo que embala a ponte
Sob a agitação dos ventos que se arrastam sob a teia
De uma aranha de sudários plantados na infinidade.

E há um olhar desvanecido nas asas do altar do absurdo,
Uma palavra perdida nos nevoeiros da essência,
Lamento que grita às cinzas do corvo da morte humana
Renascida em febril Fénix no rosto do amanhecer.

Tuesday, February 10, 2009

Olimpo Derrubado

Quebraram-se as pilastras que sustentavam a montanha sagrada
E os olhos do Sol sangraram no barco de Ísis,
Como um lamento de fogo sobre um rosto mutilado.
Na noite da chuva eterna, desceu dos deuses a lama
Que, na negrura do divino sangue, plantou a noite suprema
Sobre os céus do eclipse.

Desvaneceu-se na aurora da humanidade a destruição do absoluto
E o infinito pereceu nos ribeiros do esquecimento,
Como vaga de além-vida sustentada sobre o fogo
E adormecida no espelho de um fortuito amanhecer.