Friday, April 17, 2009

Travessia

Não sabes de onde vim,
Nem como sinto as trevas dilaceradas do teu corpo sobre mim.
Não entendes a vaga indiscrição
Que se mistura no labirinto dos meus sentidos,
Como suave torpor de ausências solitárias
Que se prendessem no eco da minha devastação.
Não me conheces,
Mas pareces ver para lá dos recessos da minha noite,
Invadindo as pontes da minha miragem secreta
E em sangue trespassando todos os meus labirintos
Num derramar de essências desperdiçadas sobre o abismo.
Nunca me viste,
Nem mesmo conseguiste encontrar a minha presença nos passos da noite
Que me envolvia em divagações sinistradas
De espectral fenecer,
Mas invadiste todas as eras do meu caminho cerrado
E derrubaste as muralhas da minha solidão
Com a imensidade do teu infinito de luz.

3 comments:

Susn F. said...

Luminosa e poderosa travessia.

Anonymous said...

os teus “passos da noite” assemelham-se a alguns meus…
um jogo a preto e branco onde a luz traz o infinito em quem a sente…
muito bom!

beijo

casa da poesia said...

..."nem mesmo conseguiste encontrar a minha presença nos passos da noite"...puro e duro na boa trdição ultra-românticado Soares de Passos!...S Martinho está de parabéns ...as tuas palavras têm força!...e para ti...

"aetas:CARPE DIEM quam minimum credula postero"