Friday, December 02, 2011

Bruma Incandescente

Trepidação,
Consagração que se agita nas asas da turbulência
Qual maré por sobre o absurdo,
Oração que se dilata como as brasas sob o altar
Onde os véus se entretecem
Como cânticos de meditação num pedestal.

Um véu que distende a bruma
E a estátua contempla o inverso das mãos erguidas
No opúsculo da escuridão,
Crepúsculo eternizado entre harmonias quebradas
No rubor de uma fogueira erguida aos céus
Moribundos.

A mão de um deus,
O adeus da maré vermelha em comunhão com as trevas
E o nome do desejado,
A designação plantada nos olhos do absoluto
Como um caule vulnerável
Onde a luz das chamas traçasse a dança do renascimento.

E o fim,
A morte da manhã dispersa no manto das cinzas,
Génese consagrada no grito do apocalipse
Que proclama a redenção,
Eclipse de olhos distantes no escarlate da memória
Que apaga o nome das lendas
E morre
Como um raio de azul rasgando a escuridão.

1 comment:

Filipe Campos Melo said...

Um quadro imenso num cenário inquietante mas irresistível

Um poema poderoso, do inicio ao fim

A tua poesia tem sempre uma força encantante

Não resisto a sublinhar

"E o fim,
...
Génese consagrada no grito do apocalipse
Que proclama a redenção,
Eclipse de olhos distantes no escarlate da memória
Que apaga o nome das lendas
E morre
Como um raio de azul rasgando a escuridão."

Que bom te ler

Bjo.