Thursday, March 01, 2012

Regras

Estende as mãos ao amplexo do nevoeiro
Que vela o soberbo rosto da sarça ardente
Envelhecida por seiscentas encarnações.

No silêncio das trevas que envolvem a mão do deus,
Ele é a esfinge deitada no Sinai,
O esboço esmorecido e suplicante
Que se alonga até ao leito que consagra a divindade
Na saturnina pele dos ancestrais.

É como um grito
O cosmos dos mandamentos traçados na sua voz
De regras e transgressão.

A mão da montanha que desce sobre as efígies
Do povo exilado
Onde ele é líder nas trevas e no porvir
Do fogo que o investiu.

A mãe que chora
Nos olhos do apocalipse que se derrama
Unge as cinzas da criação.

1 comment:

Filipe Campos Melo said...

A mão que escreve o verso
E o reverso da criação

Um prazer te ler

Bjo.