Friday, February 02, 2007

Ad Amicos

20/12/2006

Meus mais que queridos amigos,
Eis-me chegada à minha mais negra hora.
Já nem a vossa presença,
A vossa força
E a vossa coragem
Conseguem afastar do meu pensamento
As trevas dos fantasmas que me assombram.
Sinto, mais que nunca,
Uma escuridão assombrosa
Dentro do meu peito.
A minha alma é percorrida
Por uma constante onda de angústia
E tenho a impressão que,
Dentro do meu peito,
O bater do meu coração
É cada vez mais débil,
Mais distante.
Não tenho mais forças
Para continuar a suportar
A terrível tortura de cada dia,
A agonia de cada instante.
Chegou a hora
De deixar cair a vida,
Ainda que isso signifique abandonar-vos.
É cobardia, eu sei.
Abandonando-me,
Provo aquilo que sempre foi uma suspeita:
Que sou indigna da vossa confiança,
Que não mereço a vossa amizade,
Que o vosso tempo
E os vossos sentimentos
Foram desperdiçados em mim.
Mas,
Se os meus passos me guiam para o abismo,
Mesmo sabendo o mal que vos farei,
É porque não me restam já alternativas
E é inadiável a hora da queda.
Toda a minha alma é vossa...
Adoro-vos com todas as minhas forças,
Mas não posso mais ficar.
O meu último pensamento é vosso,
Meus amigos,
E é uma súplica desesperada,
Em nome de tudo o que fomos.
Perdoai-me...
Por favor, perdoai-me.

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