Wednesday, December 03, 2008

Concílio dos Deuses

Falam os deuses de ilusões aladas
Perdidas no fragor da tempestade
E há versos de silêncio e de saudade
No seu murmúrio de almas destroçadas.

Falam de sonhos, silêncios e nadas
Presos na dispersão da potestade,
Como se a sua austera majestade
Fosse também prisão de almas quebradas.

Cantam os deuses lamentos de bruma
Por sentimentos de coisa nenhuma
Espelhados pelos labirintos do céu.

Choram, como a dolente humanidade
Que ergue os olhos à voz da eternidade!
São, também, prisioneiros, como eu…

4 comments:

Graça Pires said...

Os deuses mais perto do sentimento dos homens... Belo soneto.
Um abraço.

Twlwyth said...

A liberdade está para lá dos espelhos.

Adorei ler-te.

Anonymous said...

Os sonetos bem compostos impõem sempre um cântico magistral que eleva a voz ao infinito.
Este é o exemplo de um deles…
Deuses, ou não, somos todos a clausura de nós próprios.
Belo!

Beijo

Silviis Furinae said...

Olá Carla,

Gostava de te agradecer o comentário no meu blog :-)(embora já um pouco tardiamente mas devido às festividades infelizmente não tive muito tempo para me ligar à net) adorei este teu soneto, hoje em dia já não se vê muita gente a escrevê-los mas tu consegues fazê-lo com uma dinâmica maravilhosa. Vou continuar a explorar por aqui e claro, se quiseres ir mantendo contacto, já sabes onde estou!

Rubber Kisses*